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segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Serenidade de um domingo...


   Hoje o dia amanheceu beirando o azul transcendental do horizonte, o sol tocando com suas pétalas douradas a imensidão das águas, há uma antiga paz em tudo isso, uma paz vinda de algum lugar distante e leve, um lugar interior onde havia uma estrada longa e palmilhada lentamente, onde uma sombra na beira da estrada descansava o passo, com o doce sabor de uma fruta macia ganha de presente numa caminhada sem pressa e sem fim rumo à fugídia linha do horizonte... Há uma rua silenciosa nesse domingo pacato de um planeta pequeno e verde e longinquo, uma rua com flores anônimas esparramando cores e aromas no ar com seu respirar perfumoso, uma rua onde crianças correm com o tempo em seu encalço, mas ainda leva tempo até ele alcançá-las, e quando assim o fizer talvez elas ja não estejam correndo atrás de inocentes brinquedos, bolas, pipas extraviadas no vento peregrino das manhãs inaugurais do mundo, talvez elas esqueçam, talvez não.. mas enquanto estão correndo assim neste momento tempo algum poderá roubar o que estão vivendo, apenas elas o sabem, mas instintivamente, e não pensam sobre isso.... Eu penso numa velha praça em Minas Gerais, não sei porque mas eu penso nela, talvez saudades? talvez saudades seja apenas o nome que se dá ao que está presente, mas não se vê, mas não é palpável senão apenas com o pensamento, há muito deixei caminhos que,no entanto vão comigo aonde eu ando, eu os levo enquanto eles já não mais me levam, natural, caminhos são para serem percorridos, mas como se percorre o caminho do tempo? Olhar em todas as direções e olhar para dentro, tudo guarda um silêncio, tudo guarda um movimento, eu penso em pessoas que sei que jamais verei novamente, eu sei que elas tentarão de algum jeito, de algum jeito elas tentarão seguir vivendo...e pode ser que encontrem a felicidade nisso, sei que de algum modo também estarei nelas mais do que elas imaginam, quando as vi tornei-me elas, em mim mesmo, um pouco de tudo o que sou é feito de um pouco de tudo o que vi e de todos os lugares em que estive... Agora, enquanto a manhã segue seu percurso natural, uma ponte salta sobre um braço de mar, um barco passa por baixo dela em direção ao seu destino de ser barco e navegar... Navego no barco do olhar, vou sem remos, para todos os lados, com o vento, sou apenas um homem vestido de circunstancias e em meu gesto está escrito tempo, peregrino que sou de palavras, de palavras e de silencios, andando por uma superfície azul vista do espaço por que insondáveis cometas?... Há nuvens dialogando no alto de maiores ventos, preparam expontaneamente o respirar  das novas sementes, e não se questionam sobre quanto tempo permanecerão no firmamento, nem se serão lembradas nem se serão agradecidas, é próprio de certas existências serem serenas sem pensar se são, as ruas estão entrelaçadas nessa manhã de sol como rios que vão para o mar, mas vão talvez sabendo de um jeito que não podemos saber, que serão rios de novo um dia a correr outra vez para o mar, apenas podemos saber um pouco das coisas que contemplamos na distancia, para uma montanha ver o horizonte é conversar com o oceano, um oceano que não vemos, e quando vemos, não imaginamos, o grande diálogo dos elementos, as árvores dessa manhã tranquila estão dizendo coisas que só árvores ouvem, árvores e pássaros, quando seremos árvores ou pássaros nesse viajar de formas? Será preciso mesmo que só depois que formos vento, no transcorrer das mutações dos movimentos, ouviremos o que o vento tem a dizer sobre a construção do mundo? E tudo o que falam as pedras milenares, serão discursos mudos para nossos ouvidos? Ou nossos ouvidos é que não escutam o mundo dizendo todos os dias o que tudo no mundo sente, naturalmente... Não, não é preciso percorrer todas as regiões distantes para saber-se viajante, de nós mesmos peregrinos, transitória roupa tecida pelo mesmo mistério que tece todos os dias as teias de aranhas nos recônditos mais escondidos e as tramas de seivas e texturas que compõem o corpo das árvores e suas raízes, e tudo, mas apenas talvez ficar em silencio no alto de um pico de montanha, no alto ao menos da montanha interior que todo dia é tocada pelo vento ancestral que é o mesmo vento a balançar as crianças na rede e as folhas secas soltando-se nas ruas, os cabelos em desalinho na tarde, a fumaça em redemoinho subindo para as estrelas em acampamentos solitários nas matas, o mesmo vento que estava aqui na manhã primordial do planeta e que passa despretensiosamente entre os barcos ancorados no cais, entre as vidas ancoradas na memória, entre os portos flutuantes num domingo... Hoje, o dia caminha passando por praias que ja foram desertas, por cidades que ja foram matas, o dia leva em seu bojo uma história entremeada de milhares de outras histórias e seres, a sede do dia é beber a noite que é quando o mundo silencia, que é quando os olhos do sol vão abrir-se noutros remotos cantos, para mais um dia.... Hoje, meus pés caminham por uma rua, por muitas ruas que talvez passem por muitos países, mas há um só país no qual sigo olhando as pessoas absortas em seus afazeres, não me veem, no país das sutilezas sentidas, não com o tocar, mas ao ser tocado por elas, com o olhar que a suavidade deste momento diz apenas por dizer-se, assim, tão naturalmente, quanto ser mar, ao nele mergulhar por inteiro, com tudo o que se é, além do que se crê que seja, muito além do que humanas lições podem conter, vejo a relva crescer vistosa no verão vigoroso de luz, sem perguntar porque, sem perguntar porque os ninhos dormem quietos quando os pássaros se vão, sem perscrutar quais silencios o construiram o silencio das estrelas ilumina as imensidões da terra, curvo-me perante a longa existencia das árvores maiores, trago em mim a contemplação das noites profundas e das funduras do espaço, e nada me diz mais, no entanto, do que apreciar pacatamente as pétalas esvoaçantes no quintal, os casulos vazios das borboletas, as folhas das bananeiras amarelando-se no chão, o beija-flor na janela me olhando... Penso que o dia esta dizendo suas cores porque compete a ele dize-las da melhor maneira, como a cada ser compete dizer seu existir, à sua maneira, sem prender-se a itinerários prontos nem à movimentos repetidos sem conexão com o que gerou tais movimentos e que está presente em cada átomo de cada coisa, da cadeia de montanhas mais grandiosas ao leve fio de teia no orvalho, do coaxar noturno dos sapos na floresta ao gotejar de silencios das estrelas... Agora, as nuvens que de manhã eram possibilidades esparsas, agora são chuva, estão dizendo, olhai o que as nuvens estão dizendo, talvez não saibamos interpretá-las sempre, mas talvez não haja assim tanta diferença entre nós e elas, o mundo apara a chuva como as flores aparam o pólen trazido pelos ventos, pelos insetos, pelos bicos das aves, o mundo não tem medo de chuva alguma que o acerte, os mares são chuvas, os rios são chuvas, as chuvas são mares, as chuvas são rios... Há uma canção antiga também em tudo isso, ela fala sobre paz, a paz, não da passividade, mas a paz dos serenos, porque serenidade pode ser algo além do que aceitar cada coisa em seu devido estado e tempo de ser, mas saber, expontaneamente, ser, cada coisa, em seu devido estado e tempo de ser, inteira e inquestionavelmente, porque quando cada instante é vivido como se apenas ele existisse e isso é realmente tudo o que existe, sem desespero, sem mágoas, tudo pode vir a tornar-se mais visívelmente vivo e claro e límpido... A chuva passa como passam as montanhas, como passam os ventos, as cidades, as vidas, mudam os tempos, de percurso, a duração de uma vida tem mais a ver com o que ela realiza e para o que se destina do que com a matéria de que ela é feita, eu sento-me no meio da chuva no gramado e observo a absorção da água pela terra, os poros do chão respirando, os grãos minerais, as formigas em desabalada carreira, as penugens lavadas levadas na correnteza de um rio temporário e pequeno escorrendo pelos vãos de terra e pedras, pedras sendo lentamente talhadas, num trabalho de séculos que não verei a conclusão, mas estarei mesmo assim presente nesse trabalho, participarei dele integralmente,  mas de uma forma diferente desta de agora, visto que sou também pedra e terra a serem talhadas em futuras chuvas que cairão aqui neste pequeno pedaço de mundo, mas por enquanto só posso apreciar, vestido de humana condição, o perpétuo trabalho do qual fui gerado como as estrelas, como as folhas, como as minúsculas partes que compoem o maravilhoso mecanismo das existencias...A tarde apresenta agora seus matizes lavados pelas águas das nuvens que agora estão imersas em tudo o que havia abaixo delas, há cores que só serão vistas por um momento muito breve, e que talvez jamais se repetirão, há crianças novamente numa rua pacata, agora cheia de poças d'água que não durarão até  a próxima manhã, elas correm entre as poças, pulam, pisam o barro que um dia serão novas crianças em novas ruas correndo atrás de pipas multicoloridas, atrás de sonhos que brotam como frutas saborosas num verão iluminado e ameno ao fim do dia, com suas visões de morros azulados brilhando, telhados vermelhos onde o limo cresce verdejante, bem-te-vis vendo viagens nos olhos de jovens caminhantes sentados na beira do mar ouvindo canções que só o mar conhece, bicicletas ao por-do-sol passeando sob a copas frondosas das árvores praieiras, as janelas todas abertas sem compromisso com o tempo, cortinas dançando porque para isso são feitas, brancas, azuis, amarelas, as goiabeiras alimentando pássaros e moleques, gatos deliciosamente esparramados nas almofadas preguiçosamente convidativas, uma rede branca na varanda esperando o doce balanço dos olhos de alguém que se espera, e que chega, sempre, junto a brisa do anoitecer no olhar de quem assim espera contemplando o nascer de estrelas que é o nascer do seu nome num poema de amor escrito no cristal das gotas remanescentes da chuva penduradas nas pontas das folhas renovadas enquanto a longa rota peregrina de pensamentos adormece lentamente envolta em cores noturnas, lembranças, praias, cachoeiras, visitadas em silencio, com o silencio que tem o caminhar das alvoradas...

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Pontes



Pontes
a ligar silêncios, que são caminhos
a voar no vento...

Pegadas de palavras
que vão ficando
lentas
no fundo de um oceano-tempo
que vai deixando
nomes
escritos nas águas em movimento
levando mais
do que barcos-mágoas,
levando e vendo
serem levadas
cartas
de nuvens  escrevendo novas
águas
para um mar tão pleno.
Pontes
de palavras-pedra
de palavrandadas, de palavras às vezes
nunca mais passadas, pra lá levadas
bem prá lá dos anos, mas
alvorecendo novamente
estrada.
Pontes
a interligar estrelas
que são letras
luminosas a formar poemas
nos olhos da noite
que vai descendo mansa
dentro da navegante hora
que nunca cansa.
Apenas
pontes, onde estão os passos
de quem a esse tempo
avança
sem saber  aonde
pousará de novo
nesse viajar sem rastros?
Apenas
pontes, onde não há mais braços
que não sejam vento
que não esteja sempre
nesse silencio largo
a esperar nos portos.

Simplicidades


Simplicidade
está
no não estar ausente
do que se vive
a cada momento, mesmo
os barcos que parecem soltos
num mar sem vento
estão sendo inteiros
neles mesmos navegando,
como as gotas de chuva
nelas mesmas mergulhando
para descobirem o grande mistério
das nuvens...
Para descobrir
o grande mundo que há por dentro
cada um se faz gota de orvalho
na própria manhã
renascendo...

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

No viajar de tudo...


Na viagem da areia no vento, no voo dos chapéus sem dono, na delirância errante dos santos, no roçar das cabeleiras nos olhos, ásperas cores, no estrondar das aldravas na noite, no alvoroçar das penas nos ninhos, no debandar dos cascos nas pedras, no passo miudinho dos minutos, na pernada larga das horas, no alastrar-se das águas, no rasante das intempéries, no furacão do olho, na explosão do crânio, no naufragar das imagens, no desmoronar dos momentos, no turbilhonar dos sentidos, na voracidade dos silêncios, no desmemoriar das andanças, no revolutear das entranhas, no estradar dos sem-rumos, no desatar dos desatinos, no descabelar das casas, no transbordar dos rumores, no aguilhoar dos segundos, no rasgar-se das represas, no romper-se das sementes, no trincar dos troncos, no estilhaçar dos lamentos, no galopar das cegueiras, no encrespar das peles, no crepitar das pálpebras, no remoer dos remorsos, no emaranhar das ventanias, no agarrar-se das raízes, no desrazoar dos movimentos, no terremotear das veias, no afogueirar-se dos suores, no laminar das íris, no esboroar das muralhas, no abeirar-se dos torpores, no esburacar das palavras, no arranhar das matizes, no cavoucar das unhas, no espreitar das dúvidas, no espatifar-se dos calcanhares, na efervescência das visões, no exiguar das feições, no febrear dos arroubos, no desmantelar das vozes, no descarrilhar do pensamento, no abarrancar-se dos perigos, no procriar-se das insânias, nos desvairar-se dos navios, no avolumar-se dos atônitos, no vergastar dos vendavais, no retalhar dos olhares, no não restar nada, de tudo.

Memórias dos barcos






Teci palavras com letras de silêncio
quando abaixei as mãos o tempo escorria das pontas dos meus dedos
cada gota ao tocar a terra
virava semente dos meus novos nascimentos.
De todas as ruas que andei
levo apenas eu mesmo da memória delas no vento
que não tem memória alguma
mas conhece as ruas , as que eu não andei
andaram em meu pensamento
Olhando o semblante de uma árvore ao pôr-do-sol
eu me soube longe,
toquei montanhas com os cabelos,
imergi meus olhos na textura das nascentes
e vi cidades sendo cobertas por uma névoa
de luares antigos, tão antigos,
que todos ainda dormiam nesse tempo
mas as redes balançaram saudosas de não sei que jasmim
nos cabelos...
Depois, os barcos semearam esperas,
cada barco pendurado por uma estrela
levava  um nome no alto-mar do tempo.
Deixai que sejam, assim, deixai,
Nossos rostos, nossos nomes, nossos barcos,
Temporários, mas verdadeiros, não menos.




segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Se eu encontrar labirintos em meu caminho....



Se eu encontrar labirintos em meu caminho
e as névoas de indecisão ocultarem
os horizontes que busco
possa meu olhar interior ser claro
como a água pura das nascentes
para que eu aprenda a discernir em meio as veredas
que estreitam meus passos
a paisagem reconfortante de um pensamento tranqüilo.
Se eu sentir-me solitário demais
em meu trajeto  de existência
e os percalços do corpo e do espírito
arrefecerem meu ânimo de prosseguir
possam minhas palavras, por mais simples que sejam,
construírem pontes duradouras e sólidas
para a longa travessia de aproximação com outras pessoas
e que nos encontremos, pacificados e atentos
às dificuldades que cada um contém.
Se eu encontrar o medo, e inevitavelmente
o encontrarei, em algum momento,
possa meu coração saber reconhecer
o que me aflige verdadeiramente
além da ilusão que eu mesmo criei.
Porque muitas vezes o que chamamos de escuridão
é só por não abrirmos os olhos inteiramente.
Se eu não souber que direção seguir
e as distancias todas confundirem meu raciocínio
possa meu coração ter a calma necessária
para apontar-me um rumo benéfico
dentre tantas trilhas emaranhadas a minha frente.
Se eu estiver incerto quanto ao que dizer
e quanto a hora de permanecer em silencio
possa meu gesto ser confiável e sereno
a ponto de dissipar as sombras de incerteza
que pairem sobre o meu pensamento.
Porque muitas vezes o que acreditamos ser paciência
pode ser apenas passividade ou esmorecimento.
Construir uma alma requer tempo e consciência
e envolve uma quantidade considerável
de erros tanto quanto de acertos.
Se eu perder-me por algum momento
pelas ruas insones da tristeza e do abatimento
e os meus passos vacilarem dentro da noite extensa
possa ainda minha vontade refazer-se
como o dia a cada amanhecer renasce silencioso e pleno
e ao olhar em paz para mim mesmo
minha coragem se restabeleça
e eu siga em frente sem desespero.

Infinita-mente


Eu sou o grão luminoso de sol germinando na garganta do pássaro da noite adentrando a alvorada, silenciosamente existo no antes e no após de cada silêncio vivente, e no durante dos percursos manifesto-me sendo todos eles, até as mínimas vertentes, e sendo também, à parte, intangível conhecimento, eu sou a gota de vento, todas, emaranhando-se no espaço, formando o não conter-se dos vendavais, varro os vazios leitos de profundos rios extintos, eu antecipo os temporais, pois sou semente de chuvas e planto nuvens nos caminhos do ar, teço a transição dos dias pois senhorio o tempo que sem mim não respiraria, e esparramo estrelas como quem sopra areia, e sou também areia e, ainda, menos do que isso, e o que nunca se saberia, eu sou a viagem sedenta das pontas das raízes e ao mesmo tempo a água subterrânea que as sacia, o chão de todas as horas, a dimensão do que não se comunica, compreendida está, em mim, que sou a nascente de todas as linguagens, e o emudecer-se de todas as vozes, possíveis que são em mim todas as palavras e nenhuma delas, simultaneamente, me alcançando, eu sou a música das sementes na terra e o silêncio inescrutável dos ossos, imaginado apenas mas nunca inteiramente contemplado e assim mesmo exposto em cada átomo, eu que sou assim tão vasto e que sou apenas, entretanto, poeira e névoa e que sou sem rastro, eu sou a sombra sem ninho dos pássaros e a delicada ossatura de uma asa, eu sou o pisar sem tempo dos incautos e o espinho do imprevisível que não difere os passos, onde começam os rios e onde terminam os mares, o erguer-se das montanhas e o aguçar-se dos abismos, eu que sou disso tudo o lastro e não sou senão também o traço das pegadas nos caminhos e sou todos os caminhos, eu sou o orvalhar das ervas e os casulos abandonados, as minúsculas semínulas à mercê dos ventos e a composição da seiva dos troncos das árvores imensas, eu sou o intrincado mecanismo do mover-se umedecido dos olhos e o vazio das órbitas no crânio seco esfarelando-se ao sol, os andrajos do velho arrastando-se e a dentição primeira do mesmo, e sou o distanciar-se umas das outras das estrelas, a conjuntura das esperas, a disjunção iminente dos envoltórios dos seres, e sou o tocar com sutileza a terra pela garoa de uma tarde sem vento, eu sou a finitude dos momentos tecendo a infinidade do tempo...