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segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

2011

Haverá o tempo
em que as mãos se procurarão naturalmente
e não por medo,
e serão menos duras e
mais verdadeiras.

Mais suaves serão
os contornos dos silencios
e por dentro, mais amenos.

Haverá o tempo
em que os olhos conterão cores
ainda não imaginadas pelos homens,
mas inteiramente possíveis e plenas.

Tempo em que as sementes
falarão através do silencio das árvores
e poetas serão
os que souberem semear as esperas
recolhidas em pele, voz e tempo.

Transformar em gestos
duradouros e serenos
o que for ofensa, o que for pequeno.

Haverá o tempo
das palavras acontecerem
pela força própria dos momentos
com a naturalidade
com que chegam os ventos
mansos ou arrebatadores,
porém, inteiros.

Tempo de replantar os pensamentos,
fazê-los isentos de amargor e ser
ao mesmo tempo a chuva e
o solo do refazimento.

Renascer das solidões mais longas,
não temê-las,
purificar as dúvidas
com a coragem de confrontá-las
a qualquer momento
ou esquecê-las.

Haverá esse tempo
e será agora e será sempre
o instante mesmo em que dentro estiver
o gesto por inteiro, o coração, a vontade,
o pensamento...

Haverá esse tempo
e será aqui, será todo dia, estejamos atentos, não nos afastemos,
nós o construiremos.