Travessia
O vento do mar
emaranhando as pétalas dos teus cabelos
desenhou pássaros de silencio azul
nos teus movimentos
enquanto dançavas com as cores do amanhecer
em teu olhar
Sutilezas embebidas em rios de palavras
que escorrem entre
teus dedos.
Cada vez que tocam a terra
nasce uma árvore de poemas
Eu apenas colho-os,
frutos maduros de tua presença em mim
as mãos livres, gesto sereno
porque nada levo de ti, a não ser sementes
dos teus momentos mais verdadeiros
Tua saudade é um pensamento natural
que se incorpora ao dia
e quando o sol desliza detrás dos picos silenciosos
algo do teu sorriso permanece ainda
leve voz entre o respirar das árvores
Teu nome escrito no cume da montanha
a contemplar
o insondável diálogo de constelações e silêncios
Como rios refletindo estrelas
não nos alcançamos!
Em que distantes ilhas transparentes
tua voz adentra a noite e teu existir
por inteiro?!
Eu apenas ouço o velho rio sem fim do tempo
A ensinar que as águas não esperam nunca
Que os barcos estejam prontos
Para a travessia.