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domingo, 20 de dezembro de 2009

De mim este seu silêncio...





  De mim esse seu silêncio foi herdado mesmo que desconheça o exato momento em que foi gerado seu respirar por esses caminhos que traça no tempo, caminhos tecidos em seus olhos e nos olhos de todos os seres pela sutil tessitura de meus elementos, a conjuntura de todas as linhas, frágeis ou rústicas, todas elas perfazem seu trajeto transitório e fenecem e mesclam-se na contínua mutabilidade de tudo.
     De mim esse seu alento tornado voz, a voz de tudo o que é vivente, o alto fôlego das aves na peregrinação dos ventos, a linguagem intraduzível para seus ouvidos é para mim eco apenas de minha fala que move os ciclos todos do existir, de mim seu alimento retirado, semeado, retornada também sua textura, alimento que será também um dia para outros seres em seus movimentos de sucederem-se e surgirem e ressurgirem variadamente.
     Em mim, leito que sou de infindáveis rios, toda a germinação das esperas longamente orvalhadas, o recolhimento das chuvas não retidas porque cumpridoras de suas jornadas naturais de esparramarem-se sobre indetermináveis campos, toda a floração das cores polinizadas por sábios bicos e asas, em mim, o cumprimento das estações a seu devido espaço de tempo, a duração dos percursos elementares, o brotar das sementes das épocas, os dias de recolher-se, os dias de expandir-se, os momentos de quedar-se, os instantes de integrar-se, inesgotavelmente em mim, para onde retornará em silêncio transcorridas suas etapas, transfigurando seus caminhos para caminhos novos desconhecidos, mesmo que não saiba quando,pois de mim é fruto e para mim serão também seus frutos, suas sementes constantemente a germinarem em mim que sou a origem e o caminho e o destino de tudo, eu, que sou a TERRA.   

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