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quarta-feira, 30 de setembro de 2009

No alto da montanha




                        

      Silêncios e sombras. E este pôr-do-sol que me olha interminavelmente... Tão longe agora que nem mesmo o tempo, rei dos absolutos vagares, poderá nomear tamanha distância. Do muito que sonhei, esta total entrega, este constante projetar-se à frente e este cenário intenso, estas altitudes extremas... Recebo absorto tal dádiva de um cansaço longo e reconciliador: a linha do horizonte tingida de poente, este arrebatamento de cores e vislumbres, a paz, clara como este ar fluídico que me limpa, pura como esta solidão que só os pássaros conhecem, esta  paisagem vasta desobstruindo melancolias, este nascedouro de asas que se inclinam para o infinito .
      Algo em mim que eu não suspeito, maior do que poderia supor este oceano, me sustém, me imortaliza e me redime e me reaproxima do mistério que soprou meus olhos das terra quando minha existência era apenas poeira nos lábios do sol. Aqui a hora inextinguível, o sono acordado, extático, incendiando os mais ávidos esconderijos resistentes em mim. Me desconstruo em múltiplas  direções, mares de montanhas navegam o dorso suavizado do meu olhar. Me intensifico no vento, meus pulmões alcançam o céu, bebo do fôlego das altas aves que tecem o voo do Tempo. Chão nenhum que me atenue. Somente infindáveis diálogos de silêncios em movimento. O manancial de Tudo!!

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