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domingo, 7 de novembro de 2010

A quem vai por um caminho


  ( TEXTO VENCEDOR DO X POÊTERÊ- FESTIVAL MULTICULTURAL TERESÓPOLIS 6 DE NOVEMBRO,2010, COM O TEMA:“O POETA NA NATUREZA:PRESERVAR É VIVER''.

Se é preciso mesmo que siga
 atente para as cores leves desse poente
 que desce sobre os ombros das montanhas
vestindo-as de paz
e deixe que o cair da noite
seja antes de tudo
uma solidão tranqüila que repara
no peito dos viajantes, homens e animais,
o fôlego da caminhada por essa terra extensa,
todos abrigados sob o mesmo cobertor de estrelas
em sua rota intransferível.
Enquanto aquece os pés cansados
mas livres e
o pão solitário numa fogueira simples
repara nesse fato singular sob este céu tão vasto,
ventre de estrelas e mistérios,
são todos livres, todos,
homens e os demais e todos os seres
nessa terra imensa, e viva
- se é preciso mesmo que siga-
em paz
com esse planeta que habita.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Percursos...

Tenho construído casas sem trancas
onde apenas guardo
um pouco do meu silencio descansado,
a minha paz sem muros,
minha voz mais clara,
meu jardim sem endereço...

Tenho procurado habitar meus gestos
com o que tenho de mais útil,
ir ao fundo
de cada segundo
sem medir o medo de não estar seguro.

Sem esquecer tampouco
do longo percurso escuro
que antecede a clarividente manhã
que lentamente chega
para reinaugurar o mundo.

Tenho tentado apreciar momentos
no que eles têm de mais serenos,
estar presente inteiro
no instante
enquanto tudo se transforma em tempo.

Tenho construído casas em meu peito
sem temores do vento,
sem cadeados ou segredos
onde apenas trago
minha canção mais válida
minha fé sem adereços,
meu silêncio reconciliado
com meu tempo.

Voz

Eu procuro a voz que fala
aonde eu sou só silencio
aonde eu sou só dúvida
ela é toda renascimento.

Eu procuro o gesto que inaugura o dia
com a claridade da estrela
que há por dentro
do olhar mais simples, mais verdadeiro.

Eu colho as manhãs com mãos silenciosas e vazias
porque aquilo em que há mais leveza
é o que me acolhe
mais livremente.

E eu nada perco...
Do caminho que sigo
tenho em mim só o que preciso:
meu enternecimento mais puro,
minha palavra e silencio
e entre os dias e as noites
sempre e sempre
um começo.