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quinta-feira, 2 de julho de 2009

Um dia amanheci orvalho...


Um dia amanheci orvalho, enverdeci-me em folhas de hortelã, cidreira, pesssegueiro, meus cabelos gramificaram-se vertiginosamente cobrindo um chão de esperas, minha pele granulou-se em terra, brotaram sementes em mim, girassoletrei palavras novas desconhecidas polinizadas por beija-flores com asas de arco-irís, frutifiquei-me em cores tenras aos lábios do sol,meus olhos despetalaram-se, florescreveram poemas perfumados no vento, minhas veias liquefizeram-se em rios mínimos subterrâneos, milhares, milharais me souberam, minha barba amaciou-se em musgo e aderiu aos caules das árvores, sombreei quintais, casais, crianças...Germinei meu peito em relva suave nas úmidas manhãs, alvoreci, árvore sim, entardeci, em tardes assim borboletaspiraram meu respirar fluído, espalharam-me bicos de pássaros, azulei-me em céu de abril, embranqueci-me em nuves de maio, chovi, sobre ervas, casas, estradas, estavas onde quando anoiteci?! À noitescrevi cartas com letras de estrelas, alfabetizei estrelas, alfazemas matinais fizeram-se em minha voz, afávelmente pousaram em mim azaléias, aves azuis, lírios, li rios de silêncios deslizando nos vales do meu rosto feito imenso porque misturado a terra, meus olhos nidificaram-se, enluei-me, espraiei-me, abriram-se em conchas meus ouvidos, sorvi as canções do mar, diluí-me em marés, naveguei-me, minhas costas madeiraram-se em cascos de navios, esverdeci-me em algas nas pedras, costeiras, quilhas...Meus ombros amontanharam-se, meus braços ramificaram-se para todos os lados, FLORESTEI-ME..."

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